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Aspectos Gerais

   Um disco intervertebral herniado ocorre quando o centro do mesmo (núcleo pulposo) apresenta fissuras ou se rompe por meio de sua parede mais externa (anel fibroso), e assim ocorre  uma compressão junto à raiz neural (nervo espinhal), causando, consequentemente, dor nas costas (região lombar), nas coxas ou dor nas pernas, ou até o pé, acompanhado ou não de alterações sensitivas (dormência ou formigamento),e  até  perda da  força muscular- déficit  motor.


   O tratamento com repouso, medicação para dor, injeções lombares e fisioterapia é o primeiro passo para a recuperação. A maioria das pessoas melhora em 4-6 semanas e volta à atividade normal. Se os sintomas persistirem, a cirurgia poderá ser  a orientação de tratamento recomendada.

 

Anatomia dos discos intervertebrais

   Para entender uma hérnia de disco, é útil conhecer um pouco sobre como funciona sua coluna vertebral. Sua coluna é formada por 24 ossos móveis chamados vértebras. O segmento lombar (parte inferior das costas) da coluna vertebral suporta a maior parte do peso corporal. Neste segmento, existem cinco vértebras lombares numeradas de L1 a L5. As vértebras são separadas pelos discos intervertebrais, que agem como amortecedores, e que impedem as vértebras de realizar movimentos em conjunto. O anel externo chamado anel fibroso contém o núcleo pulposo. A parte central do disco intervertebral é responsável pela formação de uma protusão ou hérnia de disco.

   Em cada nível do disco intervertebral, um par de nervos espinhais (raízes neurais) originam-se da medula espinhal/saco dural, e ramifica-se para as regiões lombar, glútea, coxas e membros inferiores. A medula espinhal e os nervos espinhais têm a função de enviar os impulsos entre o cérebro e os segmentos de nosso corpo para transmitir a sensação e controle dos movimentos.

 

O que é uma hérnia de disco lombar?

   A hérnia de disco lombar ocorre quando o centro do disco intervertebral (núcleo pulposo) hernia-se por fissuras do anel fibroso (parte externa do disco intervertebral), ou sua parede mais externa (anel fibroso) se rompe com a presença de um fragmento no canal vertebral e, consequentemente provoca uma compressão junto à raiz neural (nervo espinhal) causando, assim, dor nas costas (região lombar), nas coxas ou dor nas pernas, ou até o pé, acompanhado ou não de alterações sensitivas (dormência ou formigamento), e também alterações motoras (perda da força muscular). Esta dor é o resultado da inflamação e inchaço (edema) do nervo espinal, causado pela compressão da hérnia do disco intervertebral. Estes nervos espinhais são originários de cada nível dos discos lombares de L1-L5-S1 e vão formar pelas suas conexões o complexo nervo ciático e seus vários ramos ao longo dos membros inferiores. Com o tempo, a hérnia poderá  diminuir,  e você poderá sentir um alívio parcial ou completo da dor.

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Um disco herniado ocorre quando parte do núcleo pulposo exterioriza-se  através de uma  abertura  do anel fibroso, e  assim irá comprimir  o nervo espinal.

   Na literatura, podemos observar diferentes termos sendo utilizados para descrever um disco herniado, como um abaulamento, uma protusão ou um prolapso. Uma verdadeira hérnia de disco (também chamada de ruptura discal) ocorre quando as fibras que formam o anel fibroso do disco intervertebral apresentam fissuras, ou rupturas, permitindo que o centro do disco intervertebral, o núcleo pulposo, se hernie, ou se exteriorize com um fragmento livre de disco no canal espinhal resultando em dor.

   A hérnia de disco ocorre mais comumente entre 30 e 40 anos de idade, embora pessoas de meia idade e idosos apresentem risco ligeiramente maior quando estão envolvidos em atividade física extenuante.

   A hérnia de disco lombar é uma das causas mais comuns da dor lombar associada com a dor nas pernas, e ocorre 15 vezes mais frequentemente do que a hérnia de disco cervical (pescoço). A hérnia de disco ocorre 8% na região cervical (pescoço) e apenas 1% a 2% na região torácica.

   A maioria das hérnias de disco ocorre no segmento lombar da coluna vertebral, com mais frequência no espaço discal entre as L4-L5 vértebras lombares, seguidas dos espaços L5-S1.

 

Quais são os sintomas?

   Os sintomas de uma hérnia de disco variam muito, dependendo da localização da hérnia e sua própria resposta à dor.

   Se você tem uma hérnia de disco lombar, você poderá sentir a dor que se irradia a partir da região lombar baixa, região glútea, ao longo do membro inferior (coxa, perna e pé), chamada de lombociatalgia ou dor ciática. Você pode apresentar uma dor tipo choque na perna ou pé, que poderá piorar quando caminhar.

   As atividades como flexão, extensão, levantamento, rotação, etc. podem aumentar o quadro doloroso. Deitado de costas com os joelhos dobrados pode ser a posição mais confortável porque alivia a pressão sobre o disco, ou mantendo-se a perna apoiada sobre um travesseiro.

  Às vezes, a dor pode ser acompanhada de dormência e formigamento nas pernas ou pés, e espasmos musculares podem ocorrer nas costas ou na perna.

   Além da dor, você pode ter fraqueza muscular na coxa, perna, pés, dedo maior do pé, e perda de reflexos no joelho e tornozelo. Em casos graves, pode ocorrer queda do pé (o pé arrasta no chão quando caminha) ou, ainda, em situações seríssimas, com a perda do controle do intestino ou da bexiga. A fraqueza muscular nas pernas ou extremidades, ou dificuldade em controlar a bexiga (perda de urina) ou a função intestinal, você deverá procurar ajuda médica imediatamente.

 

Quais são as causas?

  As alterações dos discos intervertebrais, abaulamentos, protusões ou hérnia podem ocorrer por esforço físico excessivo, movimentos e posturas súbitas e impróprias, atividades físicas e esportivas repetitivas, ou podem ocorrer espontaneamente. O envelhecimento pode ser uma causa, pois os discos intervertebrais tornam-se desidratados, frágeis, e a parede do disco intervertebral externa fibrosa até então resistente pode enfraquecer, não sendo capaz de conter o núcleo pulposo, causando a hérnia de disco.

 

Como é feito o diagnóstico?

   Quando você sentir estes sintomas descritos acima, dor lombar de forte intensidade, dor irradiada para o membro inferior, dor na perna e formigamento, consulte seu médico.

   O médico realizará muitas perguntas para constituir uma história médica completa para entender seus sintomas, suas lesões ou condições prévias e determinar se seus hábitos de vida estão comprometendo a sua coluna vertebral, e causando a dor. Depois, um exame físico é realizado para determinar a origem da dor e do teste para avaliar qualquer  princípio de fraqueza muscular ou dormência.

   O médico poderá solicitar um ou mais exames de imagem: raios-X, ressonância magnética, mielograma (hoje dificilmente), tomografia computadorizada, ou EMG. Com base nos resultados, você poderá ser encaminhado para um neurocirurgião, ou um ortopedista para  realizar  o tratamento.

   Ressonância Nuclear Magnética (RNM) é um exame não invasivo que utiliza um campo magnético para dar uma visão detalhada dos tecidos moles de sua coluna. Ao contrário de um raio-X, os nervos e os discos são claramente visíveis. Este exame de imagem permite avaliar a coluna vertebral tridimensionalmente, onde são obtidos cortes anatômicos no sentindo: sagital-coronal-axial, e com uma resolução de ótima qualidade, chegando a um diagnóstico mais preciso. Pode ou não pode ser realizado sob injeção de contraste em sua corrente sanguínea. Uma RNM pode detectar se o disco está danificado e se há qualquer compressão do nervo, e também fazer diagnóstico diferencial, como tumores, infecções, etc.

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Hérnia  de disco lombar L5-S1 lado esquerdo-extrusa 

   A tomografia computadorizada (TC) é um exame  radiológico seguro e não invasivo que usa um feixe de raios-X e um computador para criar imagens bidimensionais e tridimensionais da coluna vertebral. Semelhante a uma ressonância magnética, ele permite que seu médico avalie sua coluna vertebral em cortes anatômicos: sagital- axial- e coronal. Pode ou não ser executada sob injeção endovenosa de contraste.

  Exames neurofisiológicos como a de eletroneuromiografia (EMG), avaliam a velocidade de condução nervosa, e sua resposta muscular à estimulação elétrica. Pequenas agulhas são colocadas em seus músculos e os resultados são gravados. Este exame contribui para  avaliarmos comprometimentos dos nervos espinhais, por exemplo que constituem o nervo ciático e seus ramos, demonstrando radiculopatias, polineuropatis, neuropraxia, etc, decorrente das compressões  medulares, radiculares , resultantes de uma hérnia de disco, um tumor, etc.

   Os exames  radiológicos mais habituais, o raios-X são também muito importantes para visualizar a  estrutura  óssea  da coluna  vertebral, a vértebra, o alinhamento  da coluna vertebral, etc, e podem informar ao seu médico  se você possuí sinais de espondiloartrose, osteófitos, fraturas, espondilolísteses (escorregamento de uma vértebra  sobre a outra), etc. “Não é possível diagnosticar uma hérnia de disco com este exame de  imagem”.

Quais os tratamentos disponíveis?

 

   O tratamento não cirúrgico conservador é o primeiro passo para a recuperação e pode incluir medicação, repouso, fisioterapia, exercícios leves -moderados, hidroterapia, injeções de cortescosteróides epidurais ou perineurais, fisioterapia analgésica . A grande maioria das pessoas  com dores nas costas melhoram em cerca de 4- 6 semanas, e retornam à atividade normal, desde  que por exemplo você não apresente  uma  compressão medular – neural por uma  hérnia de disco de  grand e volume, ou uma  compressão de outra etiologia. Se você não responder ao tratamento conservador, seu médico poderá recomendar a cirurgia  dentro dos exames  avaliados e do seu exame neurológico.

 

Tratamento conservador ou não cirúrgico

    Na maioria dos casos, a dor de uma protusão ou hérnia de disco lombar de pequenas proporções (habitualmente as contidas no conteúdo do disco intervertebral) evolui com quadro de melhora da sintomatologia inicial em poucos dias, e poderá se resolver completamente entre 4 e 6 semanas. Restringir sua atividade, medicamentos, fisioterapia analgésica vão ajudar na  melhora do quadro de  dor.

 

   Medicamentos: seu médico  médico poderá prescrever analgésicos, medicamentos anti-inflamatórios esteróides ou não esteróides,  relaxantes musculares, medicamentos de ação central para relaxamento muscular. Os esteróides possuem uma ação maior nos processos inflamatórios que envolvam as estruturas  neurais, como as raízes neurais comprimidas pelas alterações discais.

   Em algumas situações particulares as injeções com corticosteróides na região perineural podem contribuir com o alívio do quadro doloroso de uma lombociatalgia, mas  quando estamos frente  um processo compressivo, ou seja, um processo mecânico desencadeado por uma herniação discal, com alterações ao exame neurológico e nos exames  de imagem como de uma ressonância nuclear magnética da coluna lombo-sacra, muitas  vezes a cirurgia se faz necessária como conduta  terapêutica  mais adequada.

   Fisioterapia: o objetivo da fisioterapia é ajudá-lo a retornar à atividade completa o mais rápido possível e prevenir você de eventuais recorrências da dor lombar . Nesta fase de dor, a orientação inicial é a fisioterapia do tipo analgésica, ou seja, utilizando-se de instrumentos como ultrassom, infravermelho, uma terapia com tens , laser, etc., e exercícios bem suaves nas primeiras sessões, irão contribuir  para uma melhora dos sintomas.

   A orientação postural, exercícios mais intensões só  serão iniciados quando ocorrer uma boa melhora dos sintomas álgicos. Os exercícios de fortalecimento da musculatura  abdominal, paravertebral são elementos-chave para seu tratamento futuro, e devem se tornar parte ao longo da vida para evitar quadros de repetição. O fisioterapeuta  juntamente com  o médico especialista irão orientar  seu tratamento. A acumpuntura  para auxílio do  quadro álgico deverá ser orientada e  realizada por um médico acumpunturista.

  A eficácia desses tratamentos para uma hérnia de disco pode ajudá-lo a aprender mecanismos de enfrentamento para gerenciar a dor, mas sempre tenha a orientação de um médico especialista no tratamento da coluna vertebral para poder orientar seu quadro como um neurocirurgião ou um ortopedista.

Quem é candidato a  cirurgia ?

Pacientes  que apresentem:


ressonância magnética, tomografia computadorizada com imagem de  uma hérnia de disco;
dor significativa, fraqueza ou dormência na perna ou pé;
dor nas pernas (ciática) pior do que dor nas costas;
sintomas que não melhoraram com fisioterapia ou medicação
fraqueza nas pernas, perda de sensibilidade na área genital, e perda do controle da bexiga ou intestino (síndrome da cauda equina).

 

 

Tratamentos cirúrgicos

   A cirurgia para uma hérnia de disco lombar chamada  de discectomia ou microdiscetomia (utilização do microscópio na  técnica cirúrgica), pode ser uma opção quando seus sintomas não melhorarem significativamente com tratamentos conservadores. A cirurgia também poderá  ser recomendada quando o paciente apresente sinais de comprometimento  raquimedular  observado ao exame neurológico, como fraqueza da perna, pé, dedos, com queda do pé, ou perda da sensibilidade nos membros inferiores, alterações  da marcha, etc.

 

Microcirurgia (microdiscectomia) para hérnia de disco lombar

   Trata-se da técnica cirúrgica para hérnia de disco lombar  realizada sob auxílio do microscópio (microcirurgia) cirúrgico, o qual é  utilizado de longa data na especialidade neurocirúrgica, e proporciona maior segurança para a realização da cirurgia.

   Nesta cirurgia, o paciente é mantido em  posição ventral, com realização de uma incisão cirúrgica mediana  na  região lombar, ou seja, na região da localização do disco intervertebral, e o tamanho da mesma  dependerá das condições anatômicas do paciente Habitualmente trata-se de uma pequena incisão cirúrgica para acesso à região lombar.

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Incisão  cirúrgica mediana na região lombar  para acesso cirúrgico da  hérnia de  disco lombar

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   Para acesso ao disco intervertebral, os músculos da coluna vertebral na região lombar são dissecados, e  afastados  lateralmente para expor a vértebrae  o espaço a  ser  abordado cirúrgicamente. Uma porção do osso (região da lâmina), e o ligamento flavum ou amarelo serão removidos com instrumentos cirúrgicos apropriados, para expor a raiz neural, e o disco intervertebral herniado.

            Remoção da lâmina            remoção do disco herniado

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Ligamento amarelo     -   lâmina

   A porção do disco herniado que toca seu nervo espinhal é cuidadosamente removida usando instrumentos especiais. Observamos que cerca de uma média de 80%-85% dos pacientes recuperaram-se  muito bem após uma discectomia, e podem retornar ao seu trabalho normal em, aproximadamente, 6 semanas. Outras modificações associadas  à  hérnia do disco intervertebral poderão orientar o prognóstico de cada paciente, e todo paciente operado  sempre terá um risco maior de outras modificações ou dores da coluna vertebral comparado a um paciente que nunca foi submetido a uma cirurgia .É importante  saber  que cada paciente é sempre um paciente, ou seja, sua  hérnia de disco nunca será igual a de outro paciente, pois as situações anatômicas, as alterações desenvolvidas ao longo dos anos depende do perfil de cada corpo, anatomia, biotipo, etc.

Discectomia endoscópica minimamente invasiva

   A discectomia endoscópica minimamente invasiva é uma outra técnica que poderá ser utilizada pelo  cirurgião. Esta técnica dependerá de uma avaliação mais criteriosa para cada caso. Nesta técnica  operatória uma pequena incisão na região lombar será realiza-da. Serão utilizados pequenos tubos chamados de dilatadores, com diâmetro crescente para ampliar a via de acesso à região operatória junto ao espaço intervertebral. Uma porção do osso é removida para expor a raiz neural, e observação do disco intervertebral. O cirurgião utilizará um endoscópio para remover o disco herniado. Esta técnica causa menos lesão muscular do que uma discectomia tradicional.

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Recuperação e prevenção

   Dor nas costas afeta  grande  parte da população, e relaciona-se  com a idade, e as pessoas em algum momento de suas vidas, e habitualmente  melhoram com  um tratamento conservador, e  para evitar a recorrência a  prevenção é  ainda a melhor orientação:

  • Técnicas adequadas de exercícios físicos aplicadas ao seu corpo;

  • Uma melhora da sua postura durante a sua atividade diária profissional, e social, quando em pé, em movimento e dormindo;

  • Programa de exercícios apropriados  para fortalecer os músculos abdominais e paravertebrais;

  • Mediante sua atividade profissional, procurar aplicar uma área de trabalho ergonômica;

  • Peso saudável e massa corporal magra contribuem demais ao longo de nossas vidas;

  • Uma atitude positiva e gerenciamento de estresse;

  • Evitar o tabagismo.

 

Ref:

1. MedlinePlus Enciclopédia Médica

2. Associação Americana de Cirurgiões Neurológicos e o Congresso de Cirurgiões Neurológicos

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Dr. João Francisco Crosera

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